Sunday, June 04, 2006

CORREDORES EXISTENTES E A NECESSIDADE DA RESTAURAÇÃO DE CORREDORES

O sul do Brasil é habitado por uma das mas diversificadas comunidades de aves de rapina, chegando a mais de 35 espécies em algumas localidades. Nas nascentes do Rio Canoas na região serrana de Urubici, registramos 31 espécies de aves de rapina. Entre estas salientamos a presença de todos os representantes da suíte dos Gaviões de Penacho, onde temos os representantes do Gênero Spizaetus (melanoleucus incluído), Harpyhaliaetus, Morphnus e Harpya.

O Gavião real (Harpya harpyja) conta com registros históricos dos anos 60 e mais recentes nos anos 80. Os demais tem sido registrados consistentemente desde 2003 no Alto Rio Canoas, Serra do Tabuleiro e Rio Pelotas na area da Barragem Barra Grande. Apenas o Gavião real falso tem seus registros restritos às franjas da Serra Geral.

Em uma analise preliminar simplista, podemos dizer que a riqueza de espécies de aves de rapina nesta região e associada as áreas florestais continuas nas encostas da Serra Geral. Ė justamente a continuidade desta cobertura florestal que assume a maior importância em termos de prioridades de conservação. Uma comunidade rica em espécies como as aves de rapina serranas do sul do Brasil esta associada a uma disponibilidade de presas e sítios de nidificação. Estes recursos estão aparentemente disponíveis nas florestas da Serra Geral.

A conservação desta região vem sendo negligenciada pelas agências ambientais estaduais, federais e também pelas ONGs que financiam projetos para a implementação de ações visando a manutenção destes refúgios.

Grandes corpos florestais no sul do Brasil e os isolados entre eles

Olhando a imagem acima podemos ver claramente que a costa atlântica sul brasileira está isolada da região florestal de MIssiones na Argentina e esta isolada das florestas de galeria ao sul do Pantanal, enfim temos grandes áreas florestais sendo paulatinamente erodidas e deterioradas pelo crescimento desgovernado da agricultura, principalmente o cultivo do soja.

Na mesma imagem podemos ver claramente alguns isolados entre os dois corredores. Mais ao sul, ao longo do Rio Uruguai, vemos claramente que a agricultura destruiu as matas de galeria que constituíam o Corredor do Rio Uruguai. Inúmeras usinas hidrelétricas estão em construção e processo de licenciamento ambiental no Rio Uruguai. Entre as medidas compensatórias, o governo estadual e federal, deveria exigir destes empreendimentos a restauração das florestas ao longo do Rio Uruguai e, assim restabelecendo a conexção entre o Corredor da Serra Geral e Missiones. Igualmente o mesmo deveria acontecer nos demais isolados no centro do Paraná e São Paulo.

O "Refugio Florestal de Missiones" isolado e o Rio Uruguai sem suas matas de galeria ilustrando claramente o não cumprimento da lei

Os órgãos de fiscalização deveriam ser mais rígidos e atuantes nas regiões de agricultura industrial e exigir destas empresas o cumprimento da lei federal que exige a manutenção de matas ciliares e de galeria ao longo dos rios.



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