Monday, May 15, 2006

CRISE DO GÁS NATURAL PODE DESENCADEAR UMA MAIOR DESTRUIÇÃO DOS HABITATS DO GAVIÃO REAL FALSO (Morphnus guianensis) NO SOPÉ DA SERRA GERAL NO SUL

O Corredor da Serra Geral tem uma área aproximada de cobertura florestal de 337 mil hectares, sendo que estas florestas estão concentradas nos sopés da Serra Geral. Este corredor ocupa uma faixa estreita não muito mais larga que 10-20 km, chegando a 30-40 km nos pontos mais largos. A faixa de florestas que vai de Maquine no Rio Grande do Sul até Anitapolis/Águas Mornas em Santa Catarina é de 240 quilometros de extensão.

O Corredor da Serra Geral e os registros recentes do Gavião Real Falso em SC

A vulnerabilidade desta faixa florestal é muito grande. Em municípios onde o desmatamento tem sido mais intensivo nos últimos anos a porcentagem de cobertura florestal está na ordem de 50 %. Alguns poderão achar que é muita floresta, porém olhando com mais atenção, notaremos que os municípios onde a porcentagem de cobertura é de 50 % são os que estão praticando a substituição da floresta Atlantica Ombrofila densa por reflorestamentos de Pinus e durante o processo do desmatamento, a mata original é transformada em carvão. O comercio do carvão está em alta já faz tempo devido ao seu preço mais baixo em relação ao gás natural. Esta era a norma antes da crise diplomática entre o Brasil e a Bolívia.

Os jornais deste domingo 14 de maio noticiaram que a procura por alternativas energéticas ao gás natural está intensa nos dias de hoje. Voltando as encostas e sopés da Serra Geral que já vinham sendo desmatadas impunimente para o comercio do carvão e o reflorestamento de Pinus, com esta busca às alternativas energéticas mais baratas que o gás natural boliviano, o destino dos remanescentes florestais com Mata Atlantica Ombrofila Densa estão com seus dias contados. Isto se não for tomada alguma ação preventiva imediata por parte dos órgãos fiscalizadores estaduais e federais..

Como conseqüência deste desmatamento, teremos o habitat do elusivo gavião real falso (Morphnus guianensis) reduzido ao extremo e vindo a comprometer sua existência. O Gavião real falso é uma águia de médio porte, maior que os gaviões de penacho do gênero dos Spizaetus e ocupa territórios com áreas de 20-25 mil hectares (baseado em estudos na Guatemala). Esta espécie ocorre atualmente nas encostas e sopés da Serra Geral sulinas. Sua ocorrência causa espanto em muitos ornitólogos experientes, uma vez que a espécie esta restrita a esta faixa florestal ao longo das encostas da Serra Geral. O espanto é maior devido aos últimos registros estarem em áreas antropizadas e bem fragmentadas. Alguns já comentaram a possível plasticidade da espécie.

Olhando a historia destes registros, podemos comentar que possivelmente temos sim alguns pares do Gavião Real Falso no Corredor da Serra Geral. Possivelmente seus territórios são longos e estreitos. Considerando que o Corredor da Serra Geral tem 240 quilometros (a faixa entre Maquine e Águas Mornas), poderíamos estimar uma população com uns 7-10 pares. Mas isto seria uma estimativa otimística. Teríamos de considerar a Serra do Tabuleiro que esta situada nas proximidades e conta com uma área de 90 mil hecares e conta com registros do Gavião Real (Harpya harpia).

Não temos como dizer se o Gavião real falso e realmente plástico, podemos afirmar é que seu habitat esta sendo destruído impunimente.

Tenho sido redundante em meus ensaios, mas não tenho muitas alternativas diferentes, uma vez que a destruicao dos habitats florestais no sopés da Serra Geral tem sido bem mais redundantes e as atitudes dos órgãos ambientais estaduais e federais que são os responsáveis pela fiscalização não tem feito aparentemente nada para conter esta serie redundante de crimes ambientais que vem delapidando a nossa biodiversidade e a paisagem que seria o maior atrativo para a nossa tão propalada beleza cênica.

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