A AMEAÇA DA ELOTROCUÇÃO PAIRA SOBRE NOSSAS AVES DE RAPINA

Em nossa reunião em Brasília com o Grupo de Trabalho com Aves de Rapina foi mencionada entre as ameaças vividas pelos nossos rapinantes a eletrocução. As nossas linhas de transmissão são construídas para maximizar a eficiência no transporte da energia da fonte geradora até o consumidor, tentando minimizar os custos envolvidos no processo.

O modelo dos postes e das torres apresentam um perigo constante e real às aves que procuram um local para pouso e descanso. As aves de rapina utilizam os postes e torres como pontos de observação em sua busca de alimento, ou demarcação territorial. Recentemente, um amigo me ligou de Angelina contando que Joãos de Barro estavam sendo eletrocutados seguidamente em um poste próximo a sua casa. O João de Barro é uma ave de pequenas dimençōes e sofre perdas devido ao posicionamento dos fios. Agora imaginem uma ave de maior porte pousando em um poste similar.

Para termos uma idéia, nos USA das 1238 eletrocuçōes de aves de rapina contadas em 10 estados no oeste americano entre 1982 e 1995, metade foram Águias Douradas. As águias de maior porte estão entre as mais vulneráveis devido a suas dimençōes.


Um grupo de 3 Aguias Cinzentas foi observado pelo habilidoso Ornitólogo e fotografo Gustavo Cabanne na Grande São Paulo recentemente. As aves estavam pousadas em torres de transmissão. A Águia Cinzenta é uma das poucas espécies de rapinantes listada em nossa lista oficial do MME de aves ameaçadas de extinção.

Não temos a mínima idéia do numero de mortes causados por acidentes envolvendo aves de rapina e postes, ou torres de transmissão, mas podemos dizer que algumas dezenas de aves são mortas anualmente no Brasil. Podemos, no entanto chamar a atenção das autoridades dos setores de geração de energia no pais e dos biólogos de campo para começarem a prestar a atenção neste problema. Os primeiros precisarão aprender a utilizar modelos menos perigosos aos rapinantes. Um exemplo disso esta na foto do Cabanne onde vemos a Águia Cinzenta pousada no alto da torre. Notem que a barra de metal onde a águia esta pousada não está encapada, tornando o local de pouso muito arriscado. Nos USA e Espanha já estão exigindo que estas estruturas sejam encapadas para evitar acidentes fatais com as aves. Os segundos, os Biólogos de Campo, precisam começar a prestar a atenção a presença de aves mortas embaixo destes postes e torres.