Saturday, March 18, 2006

Um pouco de história


Um grupo de Ornitologistas composto por Douglas Kajiwara, Gustavo Trainini por Jorge Albuquerque iniciaram um estudo com aves de rapina em General Carneiro, Paraná e em Urubici, Santa Catarina em maio de 2003. Entre os objetivos destes estudiosos estavam encontrar o Gavião real (Harpya harpyja) e demais gaviões penacho no sul do Brasil. O por que deste estudo estava baseado em que o Gavião Real é um predador de topo de cadeia alimentar. Esta característica tem grande importância na conservação devido à necessidade de grandes extensões de terra para sua existência. A utilização de predadores de topo de cadeia foi o argumento para o estabelecimento de mega reservas interconectadas ao longo das Montanhas Rochosas na América do Norte sugerido no Projeto Wildlands (Tergorgh e Soule 1999). A ausência destes predadores de topo estão associadas a simplificação dos ecossistemas e é acompanhada por uma série de extinções (Terborgh e Soule 1999).

Outra razão importante era o histórico do Gavião Real na região. Temos registros baseados em espécimens de museu e dados de campo desde 1966 até 1989. Um par de gaviões reais foi observado em display nupcial em outubro de 1989 por Albuquerque (1995 e Albuquerque e Bruguemann 1996) em Caldas da Imperatriz. Este registro foi de grande significância, uma vez que sugeria que uma população de Gaviões reais ainda viva nas encostas das serras catarinenses. Esta idéia foi ainda avivada por um recente informe da presença da espécie em Timbé do Sul, onde foi vista em uma terma por um piloto de asa delta em 2002 (Schmitz com pess.).

Nossa primeira visita a Urubici foi em julho de 2003 quando em cerca de 3 dias de campo registramos a presença do Gavião Pega-macaco (Spizaetus tyrannus), Gavião Penacho (Spizaetus ornatus), Águia Cinzenta (Harpyahaliaetus coronatus), Gavião Pombo Grande (Leucopternis polionotus). Estas espécies se encontram na lista das espécies ameaçadas no Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. Elas não se encontram na lista da Birdlife International por razões não bem justificadas. Como o Ibama se baseia nos critérios da lista do Birdlife International, as espécies de águias e gaviões de penacho não estão listadas. Esta grande diversidade de aves de rapina de Urubici levou que centrássemos nosso trabalho nesta região.
Registramos até o momento 27 espécies de aves de rapina diurnas, número que corresponde a 58% do total registrado nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Este fato, associado a grande extensão de extensão de florestas contínuas cobrindo as encostas da Serra Geral, a presença de unidades de conservação nos levou a fixar nossos estudos em Urubici. Todos os meses, com inicio em julho de 2003, realizamos buscas e estudos no Alto Rio Canoas (trecho entre a cidade de Urubici e a Serra do Corvo Branco).

Os nossos estudos foram somados ao Projeto “Monitoramento da Biodiversidade em Bacias Hidrográficas da Mata Atlântica”, coordenado pelo Professor Luiz dos Anjos da Universidade Estadual de Londrina e apoiado pelo CNPq, que adicionou o Alto Canoas como mais uma área de estudos de seu projeto, assim como passou a financiar com bolsas os pesquisadores do nosso projeto. Desta forma começamos a reunir informações sobre aves de rapina e os demais representantes da avifauna. Resultados destes estudos foram recentemente apresentados no XII Congresso Brasileiro de Ornitologia em Blumenau em novembro de 2004.

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